Sunday, September 9, 2007

Alea

Um, dois, três.
Olhar, palavra, toque.
Um nada, dois sorrisos, três tempos. Compassados.
Sempre compassados.
Sempre alinhados.
Desalinhadamente alinhados.
Acima de tudo alinhados.
Começa simples. De mansinho. Sem mais, nem porquê. De súbito, como um azar, como uma inusitada e doce sorte, tudo se desencadeia. Explosões, celebrações de algo que é novo e tão velho.
Ainda assim... Ainda assim, nada! Não há "ainda assim". Há ser. Há estar. Há como hoje e como sempre foi. Sincero, amigo, companheiro, o melhor de dois... O melhor de um, o melhor de todos.
É amor.
Foi uma alea...Foi?
Dandy

Saturday, March 31, 2007

Que bela frase...

Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar!
Friedrich Nietzsche

Monday, March 26, 2007

Better Together

There's no combination of words I could put on the back of a postcard
No song that I could sing but I can try for your heart
Our dreams and they are made out of real things
Like a shoebox of photographs with sepia-toned loving
Love is the answer at least for most of the questions in my heart
Like why are we here? And where do we go? And how come it’s so hard?
It’s not always easy and sometimes life can be deceiving
I’ll tell you one thing, it’s always better when we’re together
Hum it’s always better when we’re together
Yeah we’ll look at the stars when we’re together
Well it’s always better when we’re together
Yeah it’s always better when we’re together
And all of these moments just might find their way into my dreams tonight
But I know that they’ll be gone when the morning light sings
Or brings new things for tomorrow night you see
That they’ll be gone too, too many things I have to do
But if all of these dreams might find their way into my day to day scene
I’d be under the impression I was somewhere in between
With only two, just me and you, not so many things we got to do
Or places we got to be we’ll sit beneath the mango tree now
Yeah it’s always better when we’re together
Hum we’re somewhere in between together
Well it’s always better when we’re together
Yeah it’s always better when we’re together
I believe in memories they look so, so pretty when I sleep
And now when, when I wake up you look so pretty sleeping next to me
But there is not enough time
And there is no song I could sing
And there is no combination of words I could say
But I will still tell you one thing
We’re better together
Jack Johnson

Friday, March 23, 2007

Lado lunar

Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo de um sonho
Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não e por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar
Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar
Desvenda-me o teu lado mauzão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruinas de amor
Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
À prova de bala à prova de tudo
Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo e tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso
Não é por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar
Carlos Tê / Rui Veloso

Caminhando até ti

Eu ando assim
Ando atrás de ti
Acordo assim
Na estrada em que vou
E a cada passo
Sei saber melhor
O que vejo… Melhor não há
Do que a condição
De querer sonhar
E esta paixão…
E eu gosto e posso…
Reparo sim
Estou a ser feliz
E vem a mim
O que eu sempre quis
Está muito bem
Andar por aqui
É tanto…
E amanhã
Só vai ser melhor
Ficar também
Só com o amor
E eu gosto e posso…
Melhor não há
Que a condição
De querer sonhar
E esta paixão…
Eu gosto e posso…
Estou aqui onde eu sei
Sei como venho
E sempre vim
Caminhando até ti…
Chego sempre a fugir
Cheguei agora
E vim aqui…
Caminhando até ti…
Maria Leon/Rui Veloso

Tudo o que eu te dou

Eu não sei, que mais posso ser
Um dia rei, outro dia sem comer
Por vezes forte, coragem de leão
Às vezes fraco assim é o coração
Eu não sei, que mais te posso dar
Um dia jóias noutro dia o luar
Gritos de dor, gritos de prazer
Que um homem também chora
Quando assim tem de ser
Foram tantas as noites sem dormir
Tantos quartos de hotel, amar e partir
Promessas perdidas escritas no ar
E logo ali eu sei...(Que)
Tudo o que eu te dou
Tu me dás a mim
Tudo o que eu sonhei
Tu serás assim
Tudo o que eu te dou
Tu me dás a mim
E tudo o que eu te dou
Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena
Fazes aqueles truques que aprendeste no cinema
Mais peço-te eu, já me sinto a viajar
Pára, recomeça, faz-me acreditar
"Não", dizes tu, e o teu olhar mentiu
Pnrolados pelo chão no abraço que se viu
É madrugada ou é alucinação
Estrelas de mil cores, ecstasy ou paixão
Hum, esse odor, tráz tanta saudade
Mata-me de amor ou dá-me liberdade
Deixa-me voar, cantar, adormecer
Pedro Abrunhosa

Eu não sei quem te perdeu

Eu não sei quem te perdeu
Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".
E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.
E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Pedro Abrunhosa

Agarra-me esta noite

Onde estiveres, eu estou
Onde tu fores, eu vou
Se tu quiseres assim
Meu corpo é o teu mundo
E um beijo um segundo
És parte de mim
Para onde olhares, eu corro
Se me faltares, eu morro
Quando vieres, distante
Solto as amarras
E tocam guitarras
Por ti, como dantes
Agarra-me esta noite
Sente o tempo que eu perdi (mmmmm)
Agarra-me esta noite
Que amanhã não estou aqui.
Pedro Abrunhosa

The Look Of Love

The look of love
Is in your eyes
The look your smile can't disguise
The look of love
Is saying so much more
Than just words could ever say
And what my heart has heard
Well it takes my breath away
I can hardly wait to hold you
Feel my arms around you
How long I have waited
Waited just to love you
Now that I have found you
You've got the look of love
It's on your face
A look that time can't erase
Be mine tonight
Let this be just the start
Of so many nights like this
Let's take a lover's vow
And then seal it with a kiss
I can hardly wait to hold you
Feel my arms around you
How long I have waited
Waited just to love you
Now that I have found you
Don't ever go
I can hardly wait to hold you
Feel my arms around you
How long I have waited
Waited just to love you
Now that I have found you
Don't ever go
Don't ever go
I love you so
Dusty Springfield

The Sunshine Of Love

Where there is sunshine, oh that's where you are
Where there is laughter, then you can't be far
You're in my dreams every night
Oh how I long to hold you tight, I need you
I'll follow you dear from here to a star
Your lips are honey but sweeter by far
From now till forever I'll keep dreamin' of
You and the sunshine of love (the sunshine of love)
Where there is sunshine, oh that's where you are
Where there is laughter, then you can't be far
Yes, you're in my dreams every night
Mmm, how I long to a-hold a-you tigh
tI'll follow you dear from here to a star
Your lips are honey but sweeter by far
Yes now until forever I'll keep dreamin' of
You and the sunshine of love
Chet Gierlach; George Douglas; Leonard Whitcup

Saturday, March 17, 2007

Final Feliz

Chega de fingir
Eu não tenho nada a esconder
Agora é pra valer
Haja o que houver
Não tô nem aí
Eu não tô nem aqui pro que dizem
Eu quero é ser felize viver pra ti
Pode me abraçar sem medo
Pode encostar sua mão na minha
Meu amor,deixa o tempo se arrastar
Sem fim
Meu amor,não há mal nenhum gostar
Assim
Oh, meu bem,
Acredite no final
Feliz
Meu amor, meu amor
Djavan

Eu te amo

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir?
Ah, se ao te conhecer dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir?
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair?
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
Tom Jobim/Chico Buarque

Atitude

Por você de tudo farei
Te quero demais
Você sabe Tudo, tudo é atitude
Até o mar que é a vida do pescador
Esse mar eu te dou
Diga o que é que eu sou pra você
Se sou pouco ou nada
Não me diga nada
Magoar pra quê?
Até porque eu
Não saberei viver sem você
Longe de ti, dias sem céu
A refletir nos olhos meus
Casas sem cor, nenhum lugar
Que eu queira ir ou passar
Se você não está ali
Pra me abalar
Com sua doce visão
As mãos frias de amor
Aquecendo as minhas mãos
Dona da luz
Que invade o meu coração.
Djavan

Monday, March 12, 2007

Don't Kill Me Tonight

When I’m on the loose
It is you who’s shining through and through again
Whenever the rain comes down, the sun turns gray
When I needed you, you were always there
When it comes to you, really nothing can compare
You feel what I feel, know what I know
Even through the darkest night
You’ll see what I see
There’s a reason to believe in you and me
I would die if you left me Drowning in sorrow
Baby don’t kill me tonight
Would you hold on to me, girl?
And love me tomorrow
When I’m feeling blue
It is you who’s reaching out for me again
Whenever I need your wings to fly away
You feel what I feel, hear what I hear
Even through the darkest night
You’ll sleep when I sleep
There’s a reason to believe in faith cause
Heaven sent me you
I would die if you left me
Drowning in sorrow
Baby don’t kill me tonight
Would you hold on to me, girl?
And love me tomorrow
Love me tomorrow again
So if you need me, I will be near
Another thousand miles, I will be there
I will hear you, I will see through
Even through the darkness I’ll be true
I would die if you left me
Drowning in sorrow ~
Baby don’t kill me tonight
And so I wrote you these words down
For you to remember
For you to remember why
I love you
Di-rect

Corcovado

Um cantinho, um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz
A quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor
Que lindo!
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente desse mundo
Ao encontrar você
Eu conheci
O que é felicidade
Meu amor
Antonio Carlos Jobim

Sunday, March 11, 2007

Pensar/Sentir

Basta pensar em sentir para sentir em pensar.
Fernando Pessoa

Saturday, March 3, 2007

Leva-me contigo

Olho para tudo e tudo me faz chorar
Deixas-me mudo já não posso mais falar
Sei que estás confusa mas isso é normal
Para mim és uma musa, alguém muito especial
Já não te vejo à um dia, para mim pareceu-me um mês
Já te disse o que sentia agora é a tua vez
Deixa-me voar, quero sair daqui, quero estar noutro lugar
Queria ter-te só a ti
Em ti estou seguro, daqui não vou sair
Nem que atravesse o muro com o risco de cair
Não me largues mais, eu não te quero perder
Tens de voltar ao cais, que eu sem ti não sei viver
Já senti a planitude, não importa o que tinha feito
Eras a minha virtude, nunca foste o meu defeito
Digo-te o que sinto não pareces entender
É verdade eu não minto tenho mesmo que te ver
Leva-me contigo na palma da tua mão
Que eu já não consigo pisar mais este chão
Leva-me para longe, que eu não consigo andar
Quero estar contigo, o teu mundo é o meu lugar
Acabaram-se as palavras que saiam de ti
Estivesses onde estavas eu sentia-te em mim
Abraça-me uma vez e outra a seguir
Abraços ja são três, já te estou a sentir
Não te quero enganar, sentia-me tão bem
Quero-te olhar, eu sem ti não sou ninguém
Podes prender-me em ti, podes voltar a gostar
Diz-me o que é que fiz, que eu tento mudar
Não suporto ver-te assim sentes-te culpada
Ponho a culpa em mim acho que foste pressionada
Tenta perceber, não te sintas mal
Tenho que dizer que tudo em ti é especial
Uma página rasgada e arrancada pelo vento
Não penso em mais nada, não me sais do pensamento
Estás em todo lado, nas paredes e no mar
Não quero ficar parado, não te quero largar
Passa a noite e o dia, sem que os sinta passar
Tudo o que eu queria, era o tempo a parar
Ficava sozinho, talvez a pensar demais
Mas talvez é um caminho para atingir os meus ideais.
Duarte Rosado

Quando eu te falei em amor

Quando os meus olhos te tocaram
Eu senti que encontrara
A outra metade de mim
Tive medo de acordar
Como se vivesse um sonho
Que não pensei em realizar
E a força do desejo
Faz me chegar perto de ti
Quando eu te falei em amor
Tu sorriste para mim
E o mundo ficou bem melhor
Quando eu te falei em amor
Nós sentimos os dois
Que o amanha vem depois
E não no fim
Estas linhas que hoje escrevo
São do livro da memória
Do que eu sinto por ti
E tudo o que tu me dás
É parte da história que eu ainda não vivi
E a força do desejo
Faz me chegar perto de ti
Quando eu te falei em amor
Tu sorriste para mim
E o mundo ficou bem melhor
Quando eu te falei em amor
Nós sentimos os dois
Que o amanha vem depois e não no fim.
André Sardet

Anjo és

Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve a mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.
Anjo és. Mas que anjo és tu?
Em tua fronte anuviada
Não vejo a c'roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d'amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrelas;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não tem. - Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová ou Belzeu?
Não respondes - e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?...Lágrima? - Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera... Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá...De donde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?
Almeida Garret

Friday, March 2, 2007

Dá-me lume

Chegaste com três vinténs
E o ar de quem não tem
Muito mais a perder
O vinho não era bom
A banda não tinha som
Mas tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar
Eu fiquei louco por ti
Logo rejuvenesci
Não podia falhar
Dispondo a meu favor
Da eloquência do amor
Ali mesmo á mão de semear
Mostrei-te a oigem do bem e do reverso P
rovei-te que o que conta no universo
É esse passo inseguro e o paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-se até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas há tanto tempo a acenar
Eu tinha o espirito aberto
Ás vezes andei perto
Da essência do amor
Porém no meio dos colchões
No meio dos trambolhões
A situação era cada vez pior
Tu despertaste em mim um ser mais leve
E eu sei que essencialmente isso se deve
A esse passo inseguro e ao paraíso no teu olhar
Se eu fosse compositor
Compunha em teu louvor
Um hino triunfal
Se eu fosse critico de arte
Havia de declarar-te
Obra prima á escala mundial
Mas não passo de um homem vulgar
Que tem a sorte de saborear
Esse teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar
Jorge Palma

Sunday, February 25, 2007

Demónios Interiores

Sentei à minha mesa
Os meus demónios interiores
Falei-lhes com franqueza
Dos meus piores temores
Tratei-os com carinho
Pus jarra de flores
Abri o melhor vinho
Trouxe amêndoas e licores
Chamei-os pelo nome
Quebrei a etiqueta
Matei-lhes a sede e a fome
Dei-lhes cabo da dieta
Conheci bem cada um
Pus de lado toda a farsa
Abri a minha alma
Como se fosse um comparsa
E no fim, já bem bebidos
Demos abraços fraternos
Saíram de mansinho
Aos primeiros alvores
De copos bem erguidos
Brindámos aos infernos
Fizeram-se ao caminho
Sem mágoas nem rancores
Adeus, foi um prazer!
Disseram a cantar
Mantém a mesa posta
Porque havemos de voltar
Carlos Tê / Jorge Palma

Thursday, February 22, 2007

Estás só. Ninguém o sabe.

Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.
Mas finge sem fingimento.
Nada 'speres que em ti já não exista,
Cada um consigo é triste.
Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,
Sorte se a sorte é dada.
Ricardo Reis

Wednesday, February 21, 2007

Elogio ao amor

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.


O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.

Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também".
Miguel Esteves Cardoso in Express

A cobra e o pirilampo

Bom se querem que seja sincera, não sei quem escreveu este mini-conto...Deixo-o porque cada vez mais se adapta à nosso realidade, à nossa sociedade...
Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo que só vivia para brilhar. Ele fugia rápido com medo da feroz predadora e a cobra nem pensava em desistir. Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada.No terceiro dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:
- Posso fazer três perguntas?
- Podes. Não costumo abrir esse precedente para ninguém mas já que te vou comer, podes perguntar.
- Pertenço à tua cadeia alimentar?
- Não.
- Fiz-te alguma coisa?
- Não.
- Então porque é que me queres comer?
- PORQUE NÃO SUPORTO VER-TE BRILHAR!!!

E é assim, diariamente, tropeçamos em cobras!

Ensina-me

Vem...
Dá-me a tua mão,
Não me abandones.
Preciso de ti!
Quero sentir-nos
Num só coração.
Vem, amiga,
Dá-me a tua mão.
Vem...
Apressa o passo
E corre até mim.
Livra-me do abismo
Do Nada...
Vem...
Preciso de ti!
Não venhas no fim.
Toma a minha mão
E diz-me o que é a vida...
Mas...corre,
Vem depressa
Minha amiga!
Sinto-me escorregar
Para cair no abismo...
Levanta a tua voz
E faz-me ouvir
Qualquer coisa
Que me não deixe cair.
Vem...
Ensina-me a viver.
Fala do Tudo
Pois estou farto do Nada...
Estende a mão
Minha amiga,
Vem ensinar-me,
Vem ensinar-me a viver!....
Fernando da Silva Campos
Porto - 1969

A verdade

Fui ao cemitério visitar a morte
E saí de lá com a vida a meu lado!...
A paisagem trsite das campas desalinhadas
Mostrou-me nesse noite o que somos na Vida!...
E as flores mortas, esqueléticas, mirradas,
Com os troncos já podres,
Fizeram lembrar-me as coisas mais belas
Que em nós vão morrendo!...
Chamei pelos mortos mas ninguém me falou!...
Talvez se sintam bem na casa da morte!...
O silêncio mortal pairava no ar
E senti uma voz falando p´ra mim:
É assim, homem,
É assim que todos acabareis:
Os ricos, os pobres,
Os padres, os pecadores,
Os bispos, os papas,
As prostitutas, as virgens,
Todos vós, sim, os que pisais a terra
Acautelai-vos!...
Sabei viver a vida senão depois da morte
Sereis apenas isto:
Ossos mirrados, almas enegrecidas...
Ai desgraçados de vós! se nao souberdes viver
Tornar-vos-eis só pó no campo da morte!...
Fernando da Silva Campos
Porto - 1970

Tuesday, February 20, 2007

Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está de pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
Fernando Pessoa

Portugal, Portugal


Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória
Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta
Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças
Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Jorge Palma

Monday, February 19, 2007

Na terra dos sonhos

Andava eu sem ter onde cair vivo
Fui procurar abrigo nas faces estudadas do senhor Doutor
Ai de mim não era nada daquilo que eu queria
Ninguém se compreendia e eu vi que a coisa ia de mal a pior
Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és,ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entre linhas, ninguém se pode enganar
A abre bem os olhos,escuta bem o coração se é que queres ir para lá morar
Andava eu sozinho a tremer de frio
Fui procurar calor e ternura nos braços de uma mulher
Ai! Mas esqueci-me de dar-lhe também um pouco de atenção
E a minha solidão voltou, não me largou a mão um minuto sequer
Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és,ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entre linhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos,escuta bem o coração se é que queres ir para lá morar
Se queres ver o mundo inteiro á tua altura
Tens de olhar p´ra fora sem esqueceres que dentro é que é o teu lugar
E se ás duas por três vires que perdeste o balanço
Não penses em descanço, está ao teu alcançe tens de o encontrar
Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és,ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entre linhas, ninguém se pode enganar
A abre bem os olhos,escuta bem o coração se é que queres ir para lá morar
Jorge Palma

I miss you

To see you when I wake up is a gift
I didn't think could be real
To know that you feel the same as I do
Is a three fold, utopian dream
You do something to me that I can't explain
So would I be out of line if
I said,
I miss you
I see your picture,
I smell your skin on the empty pillow, next to mine
You have only been gone 10 days,
But already I'm wasting away
I know I'll see you again
Weither far or soon
But I need you to know
That I care
And I miss you
Incubus

A gente vai continuar

Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas p´ra dar
E enquanto alguns fazem figura outros sucumbem á batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada p´ra andar
A gente não vai parar
Enquanto houver estrada p´ra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente vai continuar enquanto houver ventos e mar
Todos náo pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Jorge Palma

I want you

Oh my baby baby I love you more than I can tell
I don't think I can live without you
And I know that I never will
Oh my baby baby I want you so it scares me to death
I can't say anymore than "I love you"
Everything else is a waste of breath
I want you
You've had your fun you don't get well no more
I want you
Your fingernails go dragging down the wall
Be careful darling you might fall
I want you
I woke up and one of us was crying
I want you
You said "Young man I do believe you're dying"
I want you
If you need a second opinion as you seem to do these days
I want you
You can look in my eyes and you can count the ways
I want you
Did you mean to tell me but seem to forget
I want you
Since when were you so generous and inarticulate
I want you
It's the stupid details that my heart is breaking for
It's the way your shoulders shake and what they're shaking for
I want you
It's knowing that he knows you now after only guessing
It's the thought of him undressing you or you undressing
I want you
He tossed some tatty compliment your way
I want you
And you were fool enough to love it when he said
"I want you"
I want you
The truth can't hurt you it's just like the dark
It scares you witless
But in time you see things clear and stark
I want you
Go on and hurt me then we'll let it drop
I want you
I'm afraid I won't know where to stop
I want youI'm not ashamed to say I cried for you
I want you
I want to know the things you did that we do too
I want you
I want to hear he pleases you more than I do
I want you
I might as well be useless for all it means to you
I want you
Did you call his name out as he held you down
I want you
Oh no my darling not with that clown
I want you
I want you
You've had your fun you don't get well no more
I want you
No-one who wants you could want you more
I want you
I want you
I want you
Every night when I go off to bed and when I wake up
I want you
I'm going to say it once again 'til I instill it
I know I'm going to feel this way until you kill it
I want you
I want you
I want you
Elvis Costello

Sunday, February 18, 2007

Paixão


Tu eras aquela, que eu mais queria.
Para me dar dar algum conforto e companhia.
Era só contigo que eu, sonhava andar.
Para todo o lado e até pensava, talvez casar.
Ai o que eu passei, só por te amar.
A saliva que eu gastei, para te mudar.
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu.
E nem com a força da música ele se moveu.
Mesmo sabendo que não gostavas,
Empenhei o meu anel de rubi.
Para te levar ao concerto,
Que havia no Rivoli.
E era só a ti, quem eu mais queria,
Ao meu lado no concerto nesse dia.
Juntos no escuro de mão dada a ouvir.
Aquela música maluca, sempre a subir.
Mas tu não ficaste, nem meia hora.
Não fizeste um esforço para gostar e foste embora.
Contigo aprendi uma grande lição.
Não se ama alguém que não houve a mesma canção.
Mesmo sabendo que não gostavas,
Empenhei o meu anel de rubi.
Para te levar ao concerto,
Que havia no Rivoli.
Foi nesse dia, que percebi,
Nada mais por nós havia a fazer.
A minha paixão por ti, era um lume,
Que não tinha mais lenha por onde arder.
Mesmo sabendo que não gostavas,
Empenhei o meu anel de rubi.
Para te levar ao concerto,
Que havia no Rivoli.
Rui Veloso